A dificuldade na amamentação pode se apresentar de inúmeras formas. A lista é muito longa e foi difícil escolher qual número exato listar por aqui. Muitos problemas ficaram de fora dessa lista, mas isso não quer dizer que eles não sejam importantes. Só quer dizer que, nessa lista, você vai encontrar informações sobre as principais dificuldades no mundo da amamentação.
Para mim, uma história de amamentação de sucesso é sustentada por três pilares: a MÃE, o BEBÊ e a MAMADA. Eles são interdependentes. Ou seja, TODOS precisam estar bem. Se qualquer um dos pilares estiver com problemas, a amamentação não vai se sustentar, vai apresentar dificuldades.
Por isso que, para falar de dificuldade na amamentação, preciso falar de cada um dos pilares. O pilar mãe é você! O pilar bebê é o seu filho. E o pilar mamada é o momento de conexão entre vocês dois. Reuni aqui, nesta lista, os 6 principais problemas que trazem dificuldade na amamentação, de cada um dos pilares.
Ou seja, dificuldades próprias da mãe, próprias do bebê ou da conexão das duas peças, a mamada. No total, são 18 tópicos abordados aqui. Eu sugiro que você leia em ordem para que tudo faça sentido e você tire o maior proveito desse artigo.
Mas, se você está ansiosa por uma resposta específica, pode ir direto para o tópico da dificuldade na amamentação que mais lhe interessa, e depois voltar para ler tudo com calma e tirar todas as suas dúvidas.
Ah, se você está procurando sobre baixa produção de leite, ou como aumentar a sua produção de leite, esse artigo aqui não é o local. A produção de leite materno é um tema muito extenso, complexo. Junto com a dor, a baixa produção é a principal queixa das mães que amamentam. Por ser uma dúvida tão frequente, temos um artigo somente sobre isso aqui no blog, que você pode conferir aqui.
Dito isso, vamos à lista dos 6 problemas de cada um dos 3 pilares tratados aqui!
As dificuldades de 1 a 6 tem a ver com o primeiro pilar: MÃE. As dificuldades de 7 a 12 tem a ver com o segundo pilar: BEBÊ. E as dificuldades de 13 a 18 tem a ver com o terceiro pilar: MAMADA.
Pilar Mãe
Como eu falei antes, quando eu falo de amamentação eu sempre divido tudo nos três pilares, a mãe, o bebê e a mamada. Para mim, dividir o tema nesses três pontos, principalmente quando estamos falando de dificuldade na amamentação, é essencial.
Na imensa maioria das vezes, quando uma amamentação está com problemas, quando existe dificuldade na amamentação, a “culpa” sempre recai sobre a mãe. Seja você mesma se culpando, sejam outras pessoas.
A maior culpa que as mães se colocam é “eu não consigo amamentar”, “eu não consigo produzir leite”, e por aí vai.
Mas, isso é uma grande sacanagem, porque, na maioria das vezes, o problema não está em você.
Na maioria das vezes os problemas e a dificuldade na amamentação estão, ou na falta de técnica, ou em alguma dificuldade do bebê.
As dificuldades que são próprias do pilar mãe, que são realmente suas, em geral, são superadas com técnica correta para amamentar e, quando necessário, ajuda profissional.
Dito isso, vamos às 6 principais questões que trazem dificuldade na amamentação, que são próprias da mãe. Vou começar com os chamados mamilos desfavoráveis: invertido, plano e longo.
Mamilo (Bico do Peito) Invertido ou Plano
O mamilo ou bico invertido é um dos campeões de dúvidas das mães e costuma, sim, trazer bastante dificuldade na amamentação. Assim como o mamilo ou bico plano.
Vou falar dos dois juntos pois eles são muito parecidos.
Quando você questiona profissionais sobre esse tema, tenho certeza que a maioria ou fala que não vai trazer problema nenhum, já que “o bebê mama na aréola e não no mamilo”, ou fala que será impossível amamentar.
Essas respostas, totalmente opostas, acabam lhe confundindo mais do que ajudando.
Então, onde está a verdade?
A verdade é que ter mamilos invertidos ou planos DIFICULTA para amamentar. Mas não impede.
Quando você tem bicos invertidos ou planos, precisa saber muito bem a técnica correta para amamentar. Assim, você consegue superar essa dificuldade na amamentação.
Fazendo um bom sanduichinho de peito, ajudando o seu bebê com uma boa técnica de mão de Lego®, usando e abusando do pele a pele e outros instintos, você consegue fazer o bebê entender que está no seio e é hora de mamar.
Claro que o mamilo para fora (protruso) ajuda o bebê a entender que está no peito, e começar a sugar, mas você consegue contornar a falta de um mamilo protruso com TÉCNICAS!
Muitos profissionais desatualizados indicam os bicos de silicone para amamentar, porém, acabam gerando mais problemas do que solução.
O bico de silicone é um bico artificial. O bebê não faz a pega corretamente no seio da mãe quando ela acopla um intermediário de silicone.
Existem raríssimos casos em que o bico de silicone pode ajudar. Preste atenção, raríssimos. Ou seja, se você tem mamilos invertidos ou planos, e alguém lhe indicou usar o bico, a maior chance é que ele esteja te atrapalhando.
Quando o bebê não suga diretamente do seio da mãe, o estímulo para produzir leite não é tão bom. Então, usar o bico de silicone traz um risco muito grande de baixa produção de leite.
Posso passar o dia aqui falando sobre isso, mas essa não é a ideia desse artigo. A ideia é trazer um panorama geral. E, como panorama geral, você já entendeu.
Bicos de silicone não resolvem problema nenhum, inclusive, traz ainda mais dificuldade na amamentação. Apenas tapam o sol com a peneira. E trazem mais problema do que ajuda para amamentar. Se você tem o bico do peito invertido ou plano, o que você precisa é de muita técnica, e não de mamilos de plástico.
Mamilo (Bico do Peito) Longo
Dentre as variações de mamilos, o mamilo longo é o que mais me preocupa e costuma trazer mais dificuldade na amamentação, principalmente no começo.
Os mamilos invertidos e planos podem ser contornados com um bom sanduichinho, uma boa técnica.
Quando eu falo de mamilos longos, eu não estou falando dos mamilos largos.
Os mamilos largos não são um problema, bebês abocanham mais do peito do que um mamilo. Frases como “seu bico é muito grande para a boquinha do bebê”, quando a mãe tem um mamilo largo, não fazem sentido nenhum.
Pensa comigo, se todo mundo sabe que o bebê com uma boa pega tem bastante aréola dentro da boca, por que um mamilo largo seria um problema?
Se a boca de um recém-nascido é grande o suficiente para abocanhar aréola, logicamente ela é grande o suficiente para abocanhar um mamilo largo.
O problema está nos mamilos LONGOS. Esses, sim, são complicados e trazem dificuldade na amamentação.
Um mamilo muito longo, vai parar muito no fundo da boca do bebê quando ele faz uma pega correta, com bastante aréola dentro da boca.
E, se o mamilo vai parar muito no fundo da boca, ele pode gerar ânsia no bebê.
Para conseguir mamar, instintivamente, o bebê acaba pegando só o mamilo, assim ele não vai parar no fundo da boca.
Mas, por pegar só o mamilo, o bebê acaba machucando a mãe.
Em casos como esse, muitas vezes as mães vão ter que manter a produção de leite com ordenhas, oferecer o leite para o bebê em um método seguro (p.ex., copinho, colher dosadora), até que o bebê esteja maior e consiga acoplar com aréola dentro da boca.
Outro trabalho que pode e deve ser feito com esses bebês são terapias orais, que algumas fonoaudiólogas fazem.
As profissionais vão, aos poucos, ajudando esse bebê a tolerar o mamilo da mãe, fazendo o que chamamos de “dessensibilizar”, ou seja, deixam a parte posterior da boca do bebê menos sensível, então o bebê tende a ter menos ânsia com o passar do tempo.
A notícia boa é que são poucas as mulheres que vão ter esse problema, a maioria dos bebês consegue lidar com mamilos maiores sem grandes problemas.
Em resumo, mamilos largos, não são problema. Basta ajudar o bebê a acoplar com um bocão que está tudo resolvido. Mamilos longos, precisa avaliar se o bebê consegue manter a pega profunda, com aréola dentro da boca, ou não. Se o bebê consegue, tudo certo. Se o bebê não consegue, faz ânsia, gag, aí você precisa proteger a sua produção de leite enquanto espera o seu bebê crescer ou trabalha para superar essa dificuldade na amamentação.
Mamas Grandes
Depois de falar sobre os três tipos de mamilos desfavoráveis, vamos falar sobre as mamas e como elas podem estar relacionadas com dificuldade na amamentação.
Existem muitos mitos em torno do tamanho das mamas das mulheres. Mas, o que poucas pessoas sabem, é que o tamanho de um seio não tem a ver com a quantidade de glândulas (a nossa fábrica de leite), e, sim, com a quantidade de gordura que temos no seio.
Em bom português, mamas maiores tem mais gordura que mamas menores.
Como são mamas que tem mais gordura, elas costumam trazer alguma dificuldade na amamentação, especialmente na hora da mamada.
Primeiro, o próprio peso do seio pode forçar o bebê a perder a pega, por ação da gravidade.
Segundo, mamas grandes geralmente são mais flácidas, então muitas vezes os mamilos apontam mais para baixo do que para frente, o que fica mais complexo de acoplar o bebê corretamente.
Muitas vezes, como é mais difícil de amamentar, e as mamas não são bem esvaziadas, as mães costumam ter mais complicações, como ingurgitamento e mastite.
No geral, para contornar os problemas das mamas grandes, o segredo está em dar suporte adequado para o seio.
Podemos usar rolinhos embaixo do seio, tipoia de amamentação, diferentes posições para amamentar. Quando conhece e treina as técnicas, a mãe de seios grandes, no geral, consegue superar a dificuldade na amamentação e ter uma história de sucesso!
Cirurgia nas Mamas
Esse é mais um tópico que gera muitas dúvidas entre as mulheres e pode estar relacionado com maior dificuldade na amamentação.
Em termos gerais, uma mulher pode passar por dois tipos de cirurgia nos seios: que reduz a quantidade de tecido, ou que aumenta o tamanho.
Vou falar primeiro da redução.
Reduzir as mamas pode ser indicado por questões estéticas, porque o peso das mamas atrapalha o dia-a-dia, ou por algum problema mais sério, como um nódulo ou câncer de mama.
Independente do motivo da cirurgia, elas tem algumas coisas em comum.
O grande problema é que não é possível escolher retirar somente gordura do seio. Então, sempre que uma cirurgia for feita e o resultado é uma mama menor, invariavelmente houve retirada de gordura E de glândulas.
Como temos menos glândulas, vamos ter menos fábrica de leite, como temos menos fábrica de leite, podemos ter dificuldade com a produção.
Para essas mulheres, é imprescindível ter um ótimo estímulo nos seios desde a primeira mamada. Falei bastante e expliquei direitinho sobre isso no artigo sobre produção de leite.
Muitas vezes, além de um ótimo estímulo, vamos precisar de ajuda com medicamentos, chás, fitoterápicos.
Não temos como saber se uma mulher vai ter uma boa produção de leite após uma cirurgia de redução antes dela tentar amamentar.
Por isso, se você passou por cirurgia, busque muita informação e esteja preparada para começar a sua amamentação com o pé direito.
O outro grupo possível de cirurgia nos seios são as cirurgias de aumento, com próteses, seja de silicone ou de solução salina.
Quando falamos de mamas com próteses, que passaram por aumento, vários existem vários pontos que podem trazer dificuldade na amamentação.
Primeiro, os cirurgiões costumam dizer que as próteses não impedem uma mãe de amamentar.
E outros profissionais muitas vezes dizem que mulheres que tem silicone não produzem leite.
Assim como nas questões dos mamilos desfavoráveis, a verdade do desafio do silicone também está no meio do caminho.
Ter próteses de silicone deixa o seio menos maleável. Um seio menos maleável pode dificultar para o bebê fazer uma boa pega, com uma boa quantidade de aréola na boca.
Essa dificuldade fica ainda mais evidente no momento da descida do leite, a apojadura, quando temos bastante inchaço nos seios.
Para contornar, precisamos uma ótima técnica. Um bom sanduichinho de peito, uma ótima posição das mãos, do bebê e da mamãe.
Outra questão, que é comum aos dois tipos de cirurgia, é que podemos ter menos sensibilidade nos seios.
Quando temos menos sensibilidade, temos menos estímulo para o bom funcionamento dos hormônios da produção de leite.
Além disso, a mãe pode não sentir direito se o bebê estiver machucando o seio durante a mamada.
Os problemas de sensibilidade não temos muita solução. Mas a boa notícia é que é possível, principalmente por haver estímulo no local, a sensibilidade melhorar com o passar do tempo.
Em linhas gerais, e de maneira objetiva, essas são as principais causas de dificuldade na amamentação que mulheres que passaram por cirurgias nos seios vão enfrentar. Mais detalhes você encontra nos artigos específicos de cada tema aqui do blog.
Hipoplasia Mamária ou Insuficiência de Tecido Glandular
Próxima dificuldade na amamentação: quando falta a fábrica de leite, as glândulas.
Como falamos da cirurgia de redução de mamas, é importante falar sobre a hipoplasia mamária, ou insuficiência de tecido glandular.
Essa condição existe quando uma mulher, por motivos geralmente genéticos (o popular “de nascença”), não tem o desenvolvimento completo das mamas durante a puberdade, que acontece na adolescência.
Como os seios não se desenvolveram bem, eles não tem uma boa quantidade de fábricas de leite, as glândulas.
Se não temos uma boa quantidade de glândulas, é mais difícil de ter uma boa produção de leite. Essa é uma das poucas causas de dificuldade na amamentação que não temos muita solução.
Infelizmente, se uma mulher não tem glândulas mamárias, ainda não conseguimos fazer glândulas surgirem.
Os graus de hipoplasia vão de 1 a 4, sendo 1 mais leve e 4 a mais grave.
A boa notícia é que a maioria das mulheres que tem hipoplasia, tem em graus leves, 1 ou 2 (SagePub e Thieme).
E, mulheres com hipoplasia grau 1 ou 2, no geral, conseguem amamentar seus bebês. Mas costumam precisar de uma ajuda, com muito estímulo e, algumas vezes, medicações.
Mulheres com hipoplasia grau 3 ou 4, no geral, não conseguem ter uma boa produção de leite. Mas isso não quer dizer que não possam amamentar.
Usando um sistema de nutrição suplementar, é possível oferecer leite artificial para o bebê no seio, tendo o benefício do momento de intimidade e ligação entre a mãe e o bebê. E, se a mulher é capaz de produzir um pouco de leite, qualquer pouco de leite materno é válido e mais saudável para o bebê.
Se você se identificou com as fotos de hipoplasia mamária, não se culpe. A maioria das mulheres, quando encontra essa resposta, passa por um período inicial de tristeza, mas depois de alívio, já que conseguiu entender a origem dos seus problemas, da sua dificuldade na amamentação.
A falha no desenvolvimento dos seios não é culpa de ninguém, principalmente não é sua culpa, não é algo que você escolheu ter. Então, acolha seus sentimentos e deixe a culpa de lado.
Não estamos em uma competição de quem é mais ou menos mãe. Estamos todas tentando fazer o melhor possível, o que está ao nosso alcance, pelos nossos filhos.
Depressão Pós-Parto
A Depressão Pós-parto é um tema tão importante que merece um tópico só dela.
Existem estudos que relacionam a depressão pós-parto com a baixa produção de leite, e a baixa produção de leite com a depressão pós-parto. Como se eles tivessem a mesma explicação fisiopatológica.
Ou seja, depressão pós-parto pode ser uma grande dificuldade na amamentação.
Infelizmente, a quantidade de mulheres que passa pela depressão pós-parto ainda é desconhecida, porque muitas mães tem vergonha de admitir que estão sofrendo e não buscam ajuda.
Então, o que temos são estimativas. E a estimativa é que 4 de cada 10 mães sofre com depressão pós-parto.
O que sabemos que pode ajudar nesse contexto é, primeiro de tudo, educar a nossa população. Mães com rede de apoio, com familiares compreensivos e participativos (no bom sentido, claro!), tem menor risco de sofrer com problemas psicológicos.
Já mulheres que vivem em um ambiente estressante, sem rede de apoio, ansiosas, angustiadas, que sofrem de violência doméstica, essas mães tem uma chance grande de desenvolver depressão pós-parto.
E, como falei em relação à amamentação. Assim como passar por dificuldade na amamentação aumenta o risco de depressão pós-parto, ter sucesso na amamentação protege de sintomas depressivos.
Ou seja, se você tem história de ansiedade, depressão, de já ter precisado de tratamento e acompanhamento médico, não menospreze a amamentação.
Use o período do puerpério (depois do parto) a seu favor. Use a amamentação a seu favor. Uma amamentação de sucesso aumenta hormônios que promovem o bem-estar.
Último tópico desse super resumo de depressão pós-parto, o tratamento. Existem diversos medicamentos que podem ser usados com segurança durante a amamentação.
Então, se você precisa de tratamento, tenha um Psiquiatra amigo da amamentação, que enxergue o grande benefício que amamentar traz para a mãe e te auxilie a conciliar as duas coisas.
Pilar Bebê
Como eu falei lá no começo, quando eu falo de amamentação eu sempre divido tudo nos três pilares, a mãe, o bebê e a mamada. Para mim, dividir o tema nesses três pontos, principalmente quando estamos falando de dificuldade na amamentação, é essencial.
As seis principais dificuldades próprias das mães eu já falei na primeira parte desse artigo. Agora, vamos falar das seis principais dificuldades que são próprias do segundo pilar da amamentação: o bebê.
Na imensa maioria das vezes, quando uma mãe tem técnica correta para amamentar, mas a história de amamentação não engrena, temos alguma dificuldade com o bebê.
Isso acontece porque as dificuldades próprias da mãe, em sua maioria, são superáveis por uma boa técnica para amamentar.
Em bom português, se você tem o mamilo invertido, está aplicando a técnica corretamente, mas a sua história de amamentação não engrena, temos que procurar alguma dificuldade no seu bebê. Não podemos simplesmente “culpar” o mamilo invertido.
Se o problema fosse somente o mamilo invertido, uma boa técnica e treino consegue superar a sua dificuldade na amamentação!
Por isso é tão importante que você entenda um pouco sobre o seu bebê.
Criar uma criança vai muito além de criar “sobreviventes”. Digo isso lembrando aquela frase que pessoas mais velhas adoram dizer “mas eu fiz assim e ninguém morreu”.
As dores do mundo vão mudando conforme a nossa sociedade evolui. Há 70 anos, era normal morrer de pneumonia antes dos 40 anos. Hoje em dia, isso é praticamente inaceitável, já que temos diversos tratamentos disponíveis.
Então, práticas que eram normais no passado, como oferecer açúcar para bebês ou fazer a introdução alimentar antes dos 6 meses, hoje em dia já foram repensadas, as consequências estudadas, e não se recomenda mais.
E isso vale para a amamentação. Passamos décadas em que a amamentação foi deixada de lado pelos estudiosos. Somente recentemente que o olhar está diferente.
Então, muitos profissionais não tem nenhum treinamento nessa área. E, se não tem treinamento, não conseguem entender toda a complexidade de uma interação entre mãe e bebê durante uma mamada.
E é com base nas pesquisas e nos estudos das últimas décadas, que trago diversas informações sobre o bebê nos próximos tópicos, mostrando como questões específicas dos bebês podem trazer muita dificuldade na amamentação.
Bebê Separado da Mãe
Uma das primeiras questões que pode atrapalhar muito e trazer dificuldade na amamentação é quando o bebê fica separado da mãe.
O habitat natural de um bebê é o colo de sua mãe. É o colo de sua mãe que é familiar, que traz aconchego, cuidado, carinho, segurança. Os hormônios do bem estar ficam altos, o bebê fica mais calmo.
Quando um bebê não está no colo da mãe logo após o nascimento, a tendência é que ele entre em um modo de alerta, em que ele não sabe se está protegido, se vai sobreviver.
Esse estado de alerta aumenta hormônios de estresse, que dificultam muito o interesse do bebê em mamar.
Isso é instintivo do ser humano. Imagina você em uma selva, fugindo de um leão faminto, você acha que você terá vontade de comer? Eu acho que não. Comer não vai ser a sua prioridade enquanto você foge de um predador.
É mais ou menos essa a ideia de um bebê separado da mãe. Ele fica em estado de alerta, o que torna menos propício a se alimentar.
E, por separado da mãe, eu quero que você entenda: pode ser o bebê que está no berçário após o parto, o bebê que precisou ir para a UTI, a mãe que precisou de UTI, se o bebê ficou com amarelão e precisou internar para banho de luz, mas também pode ser só o bebê saudável que está todo enrolado em panos no berço ao lado da mãe.
Quando falamos em colo da mãe, para o bebê se sentir seguro, protegido, a melhor técnica é estar em pele a pele.
Estar em contato pele a pele com os pais, principalmente com a mãe, é tão poderoso que diminui tempo de internação e diversas complicações de bebês prematuros.
Por esse motivo que quis trazer essa primeira dificuldade na amamentação do pilar bebê. Estar longe da mãe dificulta a amamentação. Estar próximo, principalmente em pele a pele, é um dos fatores que mais promove a amamentação de sucesso.
Confusão de Bicos
Agora vou falar de uma coisa muito polêmica: quando a confusão de bicos traz dificuldade na amamentação!
Muitos profissionais ainda acham que a confusão de bicos não existe. Muitos profissionais ainda indicam que bebês usem chupetas para “treinar” a sucção.
Mas temos muita evidência que relaciona uso de chupeta com desmame precoce.
E, uma das causas para o desmame é chamada de confusão de bicos.
Basicamente, é quando o bebê se acostuma com a forma de sugar um bico artificial, e não sabe como fazer para sugar o seio.
Para sugar uma chupeta ou uma mamadeira, o bebê precisa ficar com a boca fechada (para conseguir segurar o objeto) e a língua fica dentro da boca.
Para sugar o seio da mãe, o bebê precisa estar com a boca bem aberta (para fazer uma pega profunda, com bastante aréola) e a língua precisa vir para frente, passando por cima da gengiva inferior.
Ou seja, se você leu com atenção, percebeu que uma coisa é praticamente o contrário da outra.
Quando o bebê abocanha o seio da forma que abocanha um bico, ele vai acoplar só no mamilo, uma pega rasa, com a boca fechada. E, se o bebê abocanha só o mamilo, você já imagina: vai machucar, vai doer!
O que a literatura ainda não conseguiu entender é o motivo de alguns bebês serem mais ou serem menos sensíveis aos bicos.
Explico, alguns bebês, após poucos contatos com bicos artificiais, já ficam com dificuldade para mamar, machucam suas mães, desmamam. Já outros, levam meses até que a confusão de bicos fique mais evidente.
Como não sabemos quais bebês são mais propensos a apresentar dificuldade na amamentação, hoje, isso é uma roleta. Então, se você quiser oferecer chupeta, é por sua conta e risco.
Existem diversos outros problemas que os bicos artificias trazem para o crescimento e desenvolvimento dos bebês, mas esse não é o foco do artigo. Você pode encontrar mais informações sobre isso aqui no blog.
Em resumo, o que eu costumo falar: se você realmente quer amamentar, fique longe de bicos artificiais. Acredite, sua produção de leite e seus mamilos agradecem.
Confusão de Fluxo
Além da confusão de bicos, uma outra dificuldade na amamentação muito comum, e que costuma enterrar histórias de amamentação é a confusão de fluxo.
Em bom português: quando o bebê se acostuma com um fluxo de leite melhor ou maior que o do seio da mãe, então não quer mais mamar, “briga” com o peito, recusa o seio materno.
O que causa confusão de fluxo? Aquilo que oferecer um fluxo de leite ininterrupto para o bebê: mamadeira ou sonda de relactação.
O peito da mãe oferece leite de maneira inconstante, algumas sugadas mais volume, outras menos; logo que a mãe tem um reflexo de ejeção temos mais leite; depois de um tempo temos menos leite; e assim vai.
Já uma mamadeira ou uma sonda, em todas as vezes que o bebê suga, ele recebe um bom volume de leite.
E, não se engane com o que dizem por aí, de que bebês se engasgam quando a mãe tem muito leite.
A realidade é que: BEBÊS AMAM FLUXO DE LEITE!!
Tanto isso é verdade que, quando a mãe tem pouco fluxo de leite, o bebê fica sonolento durante a mamada. E, quando oferecemos fluxo, por exemplo, através de uma sonda, ele acorda. Já comprovei essa diferença inúmeras vezes nos meus atendimentos.
Então, quando a gente oferece uma mamadeira para um bebê, a tendência é que ele prefira esse fluxo de leite mais constante e abundante e, aos poucos, passe a rejeitar o seio, e, assim, se instala mais uma dificuldade na amamentação.
Ah, mais uma coisa, não é porque o fabricante diz que a mamadeira “é igual ao peito” que isso é verdade. Mesmo os bicos de tamanho “zero” ou “um” vão oferecer um bom fluxo de leite.
E, o fluxo mais fácil, associado com a forma mais fácil de sugar, acaba somando confusão de fluxo com confusão de bico e o peito deixa de ser uma opção para o bebê.
E, assim como a confusão de bicos, alguns bebês são mais e outros menos sensíveis à confusão de fluxo.
Então, vale a mesma observação do tópico anterior: fique longe! Mas, se você quer mesmo oferecer, é por sua conta e risco.
Recusa de Peito
Esse próximo tópico também costuma acontecer com muita frequência no meu dia-a-dia. Tem muito a ver com os últimos dois tópicos, das confusões, e é outra grande dificuldade na amamentação.
Muitas mães me procuram porque “o meu bebê não quer mais mamar”, ou “chora quando ofereço o peito”, dentre diversas variações do mesmo problema.
Quando falamos em recusa de peito precisamos dividir os bebês em dois grupos: comportamental ou problema.
No primeiro grupo, o bebê tem uma recusa que eu chamo de comportamental. Ou seja, ele está fazendo uma “greve de peito”.
Esse tipo de situação geralmente acontece com bebês maiores, que passaram por alguma situação de estresse.
Por exemplo, a mãe precisou se ausentar por mais tempo que ele estava acostumado, saiu da rotina com uma viagem, ou o bebê ficou doente, coisas nessa ideia.
Para a gente pensar em recusa comportamental, o bebê não tem contato com nenhum bico artificial, e estava mamando bem, sem nenhum problema, a mãe com uma boa produção de leite, estava tudo certo, até que, um belo dia, a recusa de peito surgiu.
Esse tipo de recusa se resolve com muita calma, colo, carinho, pele a pele, etc, tudo que conecta mãe e bebê. Não costuma durar mais que 2 ou 3 dias. E depois tudo volta ao normal.
Claro que é importante que a mãe ordenhe o leite nesse intervalo que o bebê não está aceitando, pois, se não ordenhar, a produção vai cair.
Agora, o segundo grupo de bebês. Esse é o grupo problema, da recusa por alguma dificuldade na amamentação real.
Nesse grupo é mais comum termos bebês menores, muitas vezes recém-nascidos.
E, dentre as dificuldades, temos as mais variadas situações. Confusão de bicos, confusão de fluxos, disfunções orais como língua presa, disfunções corporais como torcicolo congênito, refluxo patológico, alergias alimentares, enfim, uma infinidade de coisas.
O que elas tem em comum é que elas geram uma dificuldade para o bebê mamar.
Então, ou porque é difícil, ou porque ele sente dor para mamar, ele tem a tendência de evitar esse momento.
E a situação entra em uma bola de neve. Cada vez que o bebê recusa o peito, a mãe fica mais nervosa.
Para esse segundo grupo, a solução é muito mais complexa.
Primeiro de tudo precisa entender o motivo específico que o bebê está recusando o peito.
Descoberto o motivo (ou os motivos, pois é bem comum termos mais de um), vamos tratar a raiz do problema.
Enquanto isso, a mãe precisa proteger a produção de leite com ordenhas. Precisa alimentar o bebê de uma forma segura. E se reconectar com o bebê, com as mesma técnicas do primeiro grupo, colo, carinho, pele a pele, entre diversas outras.
A recusa de peito, greve de peito, ou como você quiser chamar, costuma gerar muita ansiedade nas mães.
Muitas mães se sentem rejeitadas pelos bebês. Mas é importante ficar bem claro uma coisa:
Bebês querem mamar! Bebês não recusam a própria mãe! Então, se o seu bebê não quer mamar, está recusando o peito, busque ajuda e encontre a raiz do problema, encontre a origem da sua dificuldade na amamentação.
Freio da Língua (Língua Presa) e Outras Disfunções Orais
Agora um dos assuntos “hit” do momento quando falamos de dificuldade na amamentação: a língua presa.
A língua presa é uma das causas de um grupo de problemas que levam a disfunção oral do bebê.
Em bom português:
– Disfunção: DIS=dificuldade, problema. FUNÇÃO=funcionamento, papel a desempenhar.
– Oral: da cavidade oral, da boca.
Ou seja, dificuldade da boca do bebê de desempenhar o seu papel.
E qual é o papel da boca do bebê? Basicamente, mamar. Coordenar entre sugar, engolir e respirar.
Quando o bebê tem alguma limitação física na boca para mamar, dizemos que ele tem uma disfunção oral.
Essa limitação física pode ser a língua presa, podem ser músculos fracos (em mediquês, hipotonia), podem ser músculos tensionados (hipertonia, tensões), dentre diversas outras situações.
Muitos profissionais estão abrindo os olhos para as disfunções orais, o que é maravilhoso! Mas ainda precisamos falar MUITO sobre isso.
A minha dificuldade na amamentação, a minha história de amamentação totalmente frustrante com o meu primeiro filho pode ser resumida em quatro palavras: disfunção oral não diagnosticada.
E quantas histórias iguais à minha estão acontecendo nesse exato momento pelo Brasil?
Eu não consigo nem imaginar! Mas, a julgar pela quantidade de mães que me contata, tenho certeza que são muitas.
São muitas mães frustradas com a amamentação e com a maternidade todos os dias, são muitas mães com muita dificuldade na amamentação, e, pior, sem diagnóstico!
O profissional que diagnostica as disfunções é o Fonoaudiólogo, mas o especialista em função oral. Um Fono que trabalha com audição ou com linguagem não costuma entender muito de amamentação.
Muitas Consultoras de Amamentação, principalmente as que são IBCLC (certificadas pelo comitê internacional), tem conhecimento dessa área e podem examinar o bebê e orientar corretamente os pais.
Um bebê com disfunção oral tem dificuldade para manter uma boa pega, pode engasgar com o leite, engole ar enquanto mama, e muitas outras coisas.
A mãe de um bebê com disfunção oral pode ter machucados, muita dor para amamentar, baixa produção de leite, e muitas queixas mais.
Muitas vezes, uma história de amamentação que não engrena, que não vai para frente, tem a ver com um bebê com uma disfunção oral não diagnosticada.
Como esse artigo é um apanhado geral sobre a dificuldade na amamentação, não vou entrar em maiores detalhes. Preparei um artigo inteiro sobre esse assunto, com tudo que você, mãe, precisa saber.
A ideia aqui é: fique atenta!
Se o seu instinto de mãe está te dizendo que está difícil para o seu bebê mamar, é porque provavelmente está.
E o único tratamento para disfunções orais são terapias. Se a língua estiver presa, é cirurgia. E cirurgia o quanto antes. Freio não alonga, não melhora com o tempo. E terapias manuais para o bebê melhorar a função da língua, que geralmente são feitos pela Fono.
Torcicolo Congênito e Outras Disfunções Corporais
Outro assunto muito falado no mundo dos bebês é o torcicolo congênito, outro grande causador de muita dificuldade na amamentação.
Mas, como torcicolo não é o único problema que os bebês costumam ter no corpo, eu criei esse grupo de problemas, que chamei de “disfunções corporais do bebê”.
Podemos ter torcicolo congênito, contraturas no pescoço, tensões no crânio (cabeça), na mandíbula, tensões podem aparecer desde a cabeça até o pé do bebê.
Quem diagnostica essas disfunções é o Fisioterapeuta especializado em bebês. Muitas vezes o especialista em Osteopatia.
É muito comum que as disfunções do corpinho venham em um pacote, junto com as disfunções orais. Explico.
O bebê não mama bem. Aí começa a fazer o que chamamos de compensações, ou seja, usa outros músculos do corpo para ajudar a boca a mamar.
Aí o bebê fica todo tenso, muitas vezes com um lado pior que o outro e os problemas vão se somando.
Por isso que ganhar peso não é régua para tratar disfunções, seja oral, seja do corpinho.
Pode ser que seu bebê esteja ganhando peso bem, mas às custas de muitas tensões e compensações.
Essas tensões vão cobrar o preço delas mais tarde, quando podem aparecer outros problemas, geralmente até mais graves e mais difíceis de tratar!
Por exemplo, assimetrias do crânio (plagiocefalia, braquicefalia, escafocefalia), demora ou dificuldade para atingir marcos motores (sustentar o pescoço, sentar sem apoio, engatinhar, caminhar, etc), dificuldade para falar, e muito mais.
Novamente, como esse artigo é um apanhado geral sobre a dificuldade na amamentação, não vou entrar em maiores detalhes. Preparei um artigo inteiro sobre esse assunto, com tudo que você, mãe, precisa saber.
A ideia aqui é: fique atenta! Se o seu instinto de mãe está te dizendo que está difícil para o seu bebê mamar, então provavelmente está. E eu sugiro que você busque ajuda de um profissional sério e capacitado.
Pilar Mamada
Agora nós já falamos sobre os dois primeiros pilares de uma amamentação de sucesso, a mãe e o bebê. Vamos para o terceiro pilar: a mamada.
A mamada é o momento de conexão entre a mãe e o bebê.
Se tudo estiver certo, as consequências de uma mamada são um bebê satisfeito, uma mãe feliz, sem dor, um bebê crescendo e se desenvolvendo feliz e saudável.
Mas, quando temos algum problema na interação, temos uma dificuldade na amamentação, os problemas.
Como já falei em outros momentos, os problemas são muitos, é até difícil escolher os principais. Mas, para o artigo não ficar extremamente cansativo e longo, escolhi os seis que, no meu dia-a-dia, são os campeões de queixas das mães.
Dor Para Amamentar
Dor para amamentar é disparado o campeão de queixas de dificuldade na amamentação.
E temos artigos que mostram que é uma queixa muito comum, no mundo inteiro.
Para não ficar repetitivo, vou citar só dois.
Na Austrália, 83% das mães relataram problemas com a amamentação nos primeiros dias.
E, nos Estados Unidos, 92% das mães relataram dificuldades no começo da amamentação.
Você entendeu. Amamentar não é fácil. Precisa de treino e técnica.
Eu não vou me alongar no tema dor porque aqui o resumo é bem simples: SE ESTÁ DOENDO, ESTÁ ERRADO!
Por mais que um monte mães propague aos quatro ventos as suas jornadas históricas e heroicas com a amamentação, precisamos entender que AMAMENTAR COM TÉCNICA CORRETA NÃO DÓI!
Essas mães, que se vangloriam de ter persistido, de ter “vencido”, precisam entender que elas não deveriam ter passado por esse sofrimento, porque amamentação não deve doer.
Cada vez que alguém fala que é normal machucar o seio durante a amamentação, eu imagino um ancestral nosso, se remexendo embaixo da terra, pensando “não é possível que o meu eu evoluído acredite nessa bobagem”.
Mãe, pensa comigo. O ser humano precisa da amamentação para sobreviver desde que o mundo é mundo.
Amamentar é natural, é da nossa espécie, somos mamíferos. A gente dependia exclusivamente disso para evoluir na Terra há milhares de anos.
É lógico que isso não pode doer. Se doesse, o ser humano não estaria aqui hoje.
Ou você acha que uma mulher dos tempos das cavernas ia ficar três meses com os peitos sangrando e achar isso normal?
Lógico que não!
Ela abandonaria o mini ser humano!
As mulheres das tribos indígenas isoladas da Ásia ou da Amazônia estão amamentando sem pensar. Essas mulheres viram outras mulheres amamentando desde o dia em que nasceram. Amamentação é natural para elas.
O problema da nossa sociedade moderna, do “homem branco”, é que o conhecimento e os instintos da técnica da amamentação se perderam há muito tempo.
São centenas de anos de bebês alimentados por métodos alternativos, seja ama de leite, seja fórmula na mamadeira.
Hoje em dia, a gente não aprende com outras mulheres a amamentar. A gente precisa reaprender a fazer isso.
E, para que isso aconteça, precisamos, de uma vez por todas, entender que: AMAMENTAR NÃO PODE DOER.
Como se evita e trata dor? Na maioria das vezes, com técnica correta. E, quando só técnica não resolve, investigando a origem da dificuldade na amamentação, que, muitas vezes, está em uma dificuldade do bebê, como as que foram faladas antes aqui no artigo.
Fissuras (Bico do Peito Rachado)
As fissuras, um termo que eu uso de maneira genérica para os machucados no bico do peito, são uma dificuldade na amamentação tão comum quanto a dor para amamentar.
Na verdade, no geral, o que as mães se queixam é que o bico do peito está dolorido. E, ao questionar, entendemos que o dolorido é por causa de um machucado.
Então, dor e fissuras são assuntos que, geralmente, caminham juntos.
Em alguns casos como de vasoespasmo, ou fenômeno de Raynaud, podemos ter dor sem um machucado visível.
Isso também acontece na candidíase mamária, muitas vezes a mãe não consegue ver uma lesão, não tem nada muito aparente. Mas sente a dor.
Fora esses casos, no geral, dor e bico do peito rachado estão associadas.
Por isso, tudo que falei sobre dor, também vale para fissuras.
O que evita fissuras é técnica correta para amamentar.
O que trata fissuras é técnica correta para amamentar.
Nenhuma pomada para amamentação faz milagre.
Nenhum protocolo de laser (laserterapia) faz milagre.
Se você está sofrendo e está tentando descobrir como aliviar a dor e as fissuras na amamentação, entenda, de uma vez por todas que, para resolver esses problemas, essa dificuldade na amamentação, você precisa consertar a sua amamentação.
Amamentação com pega correta não dói e não machuca. E, se consertar a técnica, se estiver fazendo tudo certinho, e mesmo assim continuar com o bico do peito rachado ou dolorido, precisa encontrar a raiz dos seus problemas, que pode estar no seu bebê.
Ingurgitamento (Peito Empedrado)
Próxima dificuldade muito comum é o peito empedrado de leite. Em mediquês, chamamos de ingurgitamento.
O ingurgitamento pode ser fisiológico, ou seja, normal. Ou pode ser patológico, ou seja, problema.
O peito empedrado que é normal, que não é um problema, acontece nos primeiros dias após o parto, geralmente em torno de 3 a 5 dias.
É a chamada “descida do leite”, a apojadura. Nesse momento, a mãe sente o peito mais cheio, pesado, inchado. É a fábrica de leite entrando em funcionamento. É esperado.
Essa sensação de peito cheio, pesado, às vezes até um pouco vermelho, é normal, pois quando chega a hora da fábrica de leite entrar em funcionamento, temos uma leve inflamação do local, para que circule mais sangue, cheguem mais nutrientes, e a fábrica fique pronta para funcionar a pleno vapor.
Geralmente, se a amamentação vai bem, se a cada vez o bebê mama ele tem mamadas efetivas, esvazia bem o peito, sem machucar a mãe, passa um ou dois dias e fica tudo bem.
Já o peito empedrado que é patológico, ou seja, que é um problema, é quando o ingurgitamento fica exagerado.
A mãe não consegue nem encostar nos seios. Os seios ficam muito duros, doloridos, vermelhos, quentes, de forma muito exagerada, aí que entra a dificuldade na amamentação.
Geralmente esse quadro problemático acontece quando a mãe não está amamentando bem, não está esvaziando o peito da maneira correta.
Se, a cada vez que a mãe oferece o peito, ainda ficam locais com leite, não dissolve os nódulos, pode estimular um aumento, um exagero daquela inflamação natural do peito. Essa inflamação exagerada, se não for aliviada, vai piorando com o passar do tempo.
E, como resolver o ingurgitamento? Como desempedrar o leite?
A única forma de resolver leite empedrado é com medidas que aliviem a inflamação e melhorem a drenagem do leite.
No auge do problema, se a mãe não consegue colocar o bebê para mamar, pode ser preciso fazer massagem e ordenha. Precisa ser feito pois leite precisa sair para que a fábrica entenda que precisa funcionar.
A massagem serve para amolecer os nódulos, estimular um reflexo de ejeção e facilitar a saída do leite.
E a ordenha é para efetivamente retirar o leite do peito para o mundo externo.
O maior problema é resolver a inflamação, isso é arriscado de se fazer sozinha, sem ajuda de um profissional capacitado e atualizado. Podemos usar um tratamento com temperatura (frio/calor) através de compressas e medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.
Sobre as compressas. As compressas frias podem ajudar a aliviar a inflamação. Mas podem dificultar a saída do leite. E, se fizer muita compressa fria, pode acabar reduzindo muito a produção de leite. Compressas mornas podem amolecer nódulos e facilitar para drenar o leite. Mas podem piorar a inflamação e acabar piorando o problema.
Por ser complexo, eu não recomendo que você faça compressas por conta. Mas, se for fazer, a forma que ajuda a maioria das mulheres são compressas mornas antes de amamentar ou ordenhar e compressas frias após a ordenha/mamada. Com cuidado para não exagerar em nenhuma delas e acabar tendo efeitos negativos.
A melhor forma de evitar o ingurgitamento e não passar pelo sofrimento do leite empedrado, é ter técnica correta para amamentar desde a primeira mamada.
Como sempre, técnica correta evita e resolve problema quando temos dificuldade na amamentação.
O grande perigo de não resolver o ingurgitamento é que ele pode fazer ativar os mecanismos de proteção do nosso corpo e induzir a redução rápida da produção de leite.
Você já sabe que a produção de leite só acontece conforme existe a saída do leite. Então, se não existe saída, temos o estímulo para reduzir a produção. E eu tenho certeza que você não quer isso, já que a baixa produção é uma grande dificuldade na amamentação e que leva a desmame precoce!
Outro risco que você precisa entender é que com o aumento da inflamação no seio, aumenta o risco de estreitamento de ductos (antigamente chamado de ducto obstruído ou obstrução de ductos), além de mastite inflamatória, mastite infecciosa, abscesso, galactocele, enfim, são várias complicações graves que trazem muita dificuldade na amamentação.
Esse quadro faz parte do chamado “Espectro da Mastite” (conforme chamado no último protocolo da ABM, Academy of Breastfeeding Medicine), um conjunto de problemas que tem origem parecida e que vamos falar um pouco melhor a seguir.
Uma das coisas mais importantes que temos aprendido recentemente é que quando você tenta resolver um ingurgitamento patológico com excesso de massagem e ordenha, você pode acabar complicando a sua situação, induzindo a mais excesso de produção, inflamação e machucando o tecido da mama, e pode entrar em um ciclo vicioso de complicações sem fim.
Por isso é tão importante ter um profissional ao seu lado durante a fase da amamentação, pois não existe receita de bolo, existe uma análise para saber o que é melhor para cada caso e para cada dificuldade na amamentação.
Obstrução ou Bloqueio de Ducto Lactífero
Bloqueio (ou obstrução) de ductos e mastites são diferentes apresentações do mesmo problema, da mesma dificuldade na amamentação.
Inclusive, atualmente, se defende o uso de um novo nome para o bloqueio: estreitamento. Pois a explicação da origem dessa dificuldade na amamentação não começa com o leite parado dentro do ducto, mas uma inflamação que veio de fora e “apertou” o espaço por onde o leite precisava passar.
Segundo os últimos estudos, esses problemas tem uma mesma origem em diversos fatores: predisposição da mãe, hiperlactação (geral ou relativa), disbiose do leite, uso de antibióticos e probióticos, estímulos hormonais. Não existe evidência de que alimentos específicos causem mastite, porém as escolhas da dieta podem refletir na saúde geral e microbioma de uma pessoa.
Por muito tempo se acreditou que a estase do leite materno no seio, ou seja, deixar leite parado, evoluía para mastite (inclusive eu ensinei isso em diversos vídeos e para diversas pacientes!). Mas os estudos mais recentes mostram que essa dificuldade na amamentação não é tão simples assim! Por isso é tão importante que continuemos a nos atualizar, para estar sempre orientando as mães da melhor maneira possível.
Uma coisa muito importante que estudos recentes mostraram é que quando tentamos “esvaziar” a mama a todo custo, com massagens vigorosas e excesso de ordenhas, podemos machucar o tecido e estamos incentivando ainda mais a produção de leite naquele local da “obstrução” e levando a mais inflamação. Ou seja, se já estava inflamado, e a gente inflama mais, vai acabar piorando o quadro.
Hoje se considera que a obstrução (ou estreitamento) de ductos é na verdade uma região do seio que apresenta mais inchaço e inflamação que as demais. Esse inchaço vindo de fora do ducto que dificulta a drenagem do leite, e leva a dor no local, um grande sinal dessa dificuldade na amamentação.
Então entendemos que o fator inicial do problema, que está dificultando a saída do leite, é inflamação. Aí, o leite que tem dificuldade de fluir, pode acabar ficando mais “grosso”. Podemos, inclusive, visualizar um “tampão” ou precipitado de leite e células inflamatórias no mamilo, como um pontinho branco.
Mas a inflamação também pode acontecer somente mais para “dentro” da mama, não sendo visualizado nada no mamilo, apenas na mama.
Quando é no bico do peito, geralmente você vê um pontinho branco no mamilo, e sente dor dali para trás, em toda a região que está endurecida. Essa região endurecida, quando passamos a mão, sentimos como se fosse um cordão, um colar de contas.
Quando o ponto inicial do bloqueio é mais para dentro do peito, não vamos ver o pontinho branco do mamilo, mas vamos sentir o mesmo cordão endurecido.
E, nesses casos, podemos também ver uma área vermelha na pele, bem na região que está inflamada.
Para resolver uma obstrução de ductos, antigamente se indicava massagem e ordenha da região. Mas, hoje, se fala que massagear com força ou ordenhar a região pode acabar machucando o local, aumentando a inflamação, e piorando o problema, gerando ainda mais dificuldade na amamentação.
Portanto, hoje em dia, sabemos que a melhor maneira de resolver um ducto obstruído ou estreitamento de ductos, é através de amamentação fisiológica, ou seja, um bebê mamando normalmente, e medidas anti-inflamatórias.
A melhor arma contra problemas na amamentação é um bebê que mama bem!
Quando o bebê mama, a região do peito que vai esvaziar melhor é a que está na direção do queixinho do bebê. Então, direcionando o queixo do bebê para a região com leite acumulado, a tendência é resolver a dificuldade na amamentação mais rápido.
Isso, às vezes, significa fazer alguns malabarismos com o bebê, seja usando posição da bola de futebol americano, seja trazendo o bebê da região do ombro da mãe.
Claro, é muito mais fácil fazer esses ajustes com um bebê maior, quando mãe e bebê já estão mais craques na amamentação. Outra possibilidade é amamentar em posição de quatro apoios, para usar a força da gravidade para ajudar a drenar, mas essa medida não é rotina e precisa ser muito bem indicada.
Juntamente com a amamentação fisiológica, podemos usar as medidas anti-inflamatórias, como frio no local, drenagem linfática das mamas, se houver hiperlactação muito significativa, medidas para permitir o controle natural do corpo de agir, EVITAR massagem e ordenha vigorosas do local (só vão machucar e piorar a situação), e o seu médico pode indicar um remédio anti-inflamatório seguro na amamentação.
Já houve indicação de compressas de Sal Amargo. Hoje em dia sabemos que o sal amargo pode machucar a pele do mamilo e não ajuda em nada na inflamação. E machucados no mamilo aumentam risco de mastite infecciosa (por bactéria). Ou seja, evite sal amargo, principalmente medidas que fazem “molho” utilizando bombas do tipo Haakaa.
Outra coisa que não se indica mais é “furar” a bolinha ou esfregar no momento do banho. Como entendemos melhor a origem do problema, e o pontinho branco é só um sinal do problema, e não a origem dele, não faz sentido machucar a pele para tentar resolver. Fazendo isso, só vamos aumentar o risco de complicações como dor e mastite infecciosa, ou seja, mais dificuldade na amamentação.
Por apresentar uma região do seio endurecida e que pode ficar vermelha, muitas vezes esse quadro de bloqueio de ductos é confundido com mastite, a nossa próxima dificuldade na amamentação.
Mas, o que muita gente não sabe é que se não for tratado com seriedade, se a inflamação e estreitamento de ductos não for resolvida, o quadro pode acabar virando uma mastite, o último estágio dessa escalada de problemas.
Mastite
O que é a mastite, essa dificuldade na amamentação tão comum na vida das mulheres?
O nome mastite, em sua raiz, quer dizer inflamação no tecido da mama.
Mas existem dois tipos de mastite, a inflamatória e a infecciosa.
Os quadros são bem parecidos. O que diferencia é que a infecciosa é quando temos infecção por bactérias no leite que ficou acumulado.
O caso com infecção por bactérias é mais sério, precisa de tratamento com antibióticos.
Geralmente, o que usamos para diferenciar um quadro do outro são os sintomas da mãe.
Peito vermelho mas a mãe está se sentindo bem, disposta, sem febre, provavelmente é um quadro inicial e pode se resolver com medidas anti-inflamatórias e drenagem eficaz da mama, como você já aprendeu no tópico do ingurgitamento e do estreitamento (obstrução) de ductos.
Agora, um quadro com peito vermelho, mas a mãe tem febre, dor no corpo, mal estar, como se fosse uma gripe, maior chance de já estar com infecção por bactérias.
A mastite, como expliquei, é um estágio do problema de “leite empedrado”. Começa com a inflamação gerada pelo ingurgitamento, que pode evoluir para bloqueio de ductos, mastite inflamatória, mastite infecciosa, abscesso, galactocele, uma gama de problemas e dificuldade na amamentação.
Como falei, segundo os últimos estudos, essas dificuldades na amamentação tem uma mesma origem em diversos fatores: predisposição da mãe, hiperlactação (geral ou relativa), disbiose do leite, uso de antibióticos e probióticos, estímulos hormonais. Não existe evidência de que alimentos específicos causem mastite, porém as escolhas da dieta podem refletir na saúde geral e microbioma de uma pessoa.
Alguns fatores que aumentam os riscos desses problemas do espectro da mastite:
– Machucados (feridas, fissuras, chame como quiser) nos mamilos.
– Remoção insuficiente de leite do seio.
– Massagem profunda que machuca os tecidos, principalmente quando a inflamação já começou.
– Hiperlactação, geral ou relativa de alguma área do seio.
– Contaminação de partes da bomba extratora de leite.
Esse é um dos motivos que feridas no peito precisam ser tratadas com seriedade. Ficar com o peito machucado abre a porta para bactérias se instalarem e causarem infecção no seio, uma grande dificuldade na amamentação.
Não podemos simplesmente dizer que amamentação “machuca, é assim mesmo”. Porque NÃO É PRA SER ASSIM! Amamentação que leva a feridas na mãe É UM PROBLEMA E PRECISA SER TRATADO COMO TAL.
Precisamos, urgentemente, parar de normalizar as dificuldades na amamentação e tratar esses problemas com seriedade, como qualquer outro problema de saúde é tratado.
Um quadro de mastite pode complicar de diversas formas, com abscesso, com necessidade de internar no hospital para usar antibiótico na veia, com baixa produção de leite, enfim, vários fatores que podem acabar com uma história de amamentação quando não recebem a atenção que merecem.
Candidíase Mamária
Além de infecção por bactérias, podemos ter infecção por fungo no mamilo, outra dificuldade na amamentação que tem a ver com a mamada.
A candidíase mamária é uma infecção pelo fungo Cândida sp.
Esse fungo nem sempre nos traz problemas, ele pode “morar” com a gente, no nosso corpo sem nos trazer nenhum problema.
Ele prefere locais mais quentes e úmidos do corpo, como a boca e a região íntima.
Normalmente, temos uma pequena quantidade dele no corpo. E, como temos pouca quantidade, ele não nos traz problemas.
Geralmente, só vamos ter um problema, a candidíase, quando a quantidade de fungo aumenta, ele se prolifera.
O que causa esse aumento? Um exemplo é quando a nossa imunidade cai. Ou quando ele aproveita para crescer depois de um ciclo de antibiótico (antibiótico mata bactérias, mas não mata fungos!).
Como o fungo prefere locais quentes e úmidos, ele costuma aparecer na boca, como sapinho, ou na região íntima, como candidíase vaginal.
Mas, candidíase não é comum de aparecer no seio. Pois a pele, como temos no bico do peito, não é naturalmente úmida e quente, então não é um local ideal para o crescimento de fungos.
Então, para ter candidíase mamária, precisamos ter algumas condições “ideais” para o fungo. A primeira condição é que a pele esteja machucada. Não precisa ser machucados visíveis, micro traumas já deixam o ambiente favorável.
Além disso, quando a mãe deixa o seio quente e úmido, por exemplo quando usa conchas de amamentação, também vai criar um ambiente que o fungo gosta.
A mãe que tem candidíase pode sentir o bico do peito coçando, sensível. Pode sentir dor em agulhadas em todo o seio. Pode ver o mamilo e aréola mais vermelhos, brilhantes.
Para tratar candidíase mamária precisamos usar antifúngicos, ou seja, remédios que combatem fungos.
Geralmente, se associa o uso de comprimidos com pomadas. E muitas vezes é preciso tratar o bebê, já que a boquinha do bebê pode “guardar” fungos com mais facilidade.
Mas, só fazer o tratamento com remédios, sem entender o que está por trás, sem procurar entender como o fungo conseguiu se aproveitar para crescer ali, não vai resolver o problema de maneira definitiva.
Muitas mulheres fazem candidíase mamária de repetição quando não se corta o problema pela raiz.
E onde costuma estar a raiz do problema? Em uma técnica errada, uma pega incorreta, ou em dificuldades com o bebê, disfunções orais ou corporais.
Não menospreze, não trate de qualquer jeito um quadro de candidíase mamária. É uma enorme dificuldade na amamentação, leva a desmame precoce! É o seu corpo te dando um sinal de que existem problemas com a sua amamentação e que você precisa investigar mais a fundo.
Conclusão
Com tudo isso de informação, encerro a principais questões que trazem dificuldade na amamentação, seis de cada um dos três pilares, mãe, bebê e mamada.
Claro que eu poderia escrever sobre muitos outros temas aqui.
Existem muitos outros problemas que trazem dificuldade na amamentação que podem aparecer.
Mas, como falei, escolhi as seis de cada pilar que costumam ser mais comuns e gerar mais dúvidas.
Outros exemplos de dificuldades que merecem artigos específicos são a depressão pós-parto, as doenças sistêmicas da mãe, como pressão alta, diabetes, obesidade, o bebê com refluxo, com alergias, a mais comum APLV (alergia a proteína do leite de vaca), vasoespasmo ou fenômeno de Raynaud do mamilo, D-MER ou reflexo de ejeção disfórico, perturbação na amamentação, entre muitos outros.
Imagina se eu fosse escrever sobre tudo isso no mesmo lugar? Ficaria um artigo muito mais longo e cansativo.
Para terminar, gostaria de lhe dizer que ter complicações, que ter dificuldade na amamentação é muito COMUM.
A imensa maioria das mulheres passa por alguma dificuldade na amamentação.
Mas, uma coisa ser COMUM, não quer dizer que é NORMAL.
Como o nome diz, complicações são problemas, e precisam ser tratados com seriedade. Preservar a amamentação, a saúde do bebê, e a saúde da mãe, deveria ser uma prioridade de todos os profissionais que cuidam da dupla mãe e bebê.